É natural surgirem algumas inquietações quando lemos os livros proféticos do Antigo Testamento. Diante dos juízos de Deus, às vezes temos a impressão que Ele é muito severo. Mas, uma leitura um pouco mais atenta, costuma trazer um melhor entendimento sobre o assunto.
No tempo dos profetas Miquéias e Isaías, reinou em Judá um homem muito ruim. Seu nome era Acaz e ele ocupou o trono em Jerusalém por aproximadamente 16 anos. Por causa de sua infidelidade e o desprezo aos muitos apelos enviados pelos profetas, a ira do Senhor se ascendeu contra Judá. Deus os entregou à vergonha e miséria. O reino sofreu um declínio rápido e uma ameaça terrível surgiu em suas fronteiras. Uma aliança maligna entre o rei da Síria e o rei de Israel se formou contra Judá. Que coisa vergonhosa! Israel conspirando contra seu irmão.
Acostumados com uma vida longe de Deus, rei e povo temeram e não confiaram no Senhor. Cheios de pavor, diz Isaías, “cambaleavam como árvores açoitadas pelo vento”.
Em Sua misericórdia, Jeová deu garantias a Acaz de que o exército sírio não prevaleceria contra Judá e Jerusalém. Por amor ao Seu povo, Deus mandou um recado específico ao monarca através do profeta Isaías.
Acalma-te e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração [...] Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá. Isaías 7:4, 9.
Teria sido tão bom se Acaz tivesse acreditado. Mas não. Dominado pelo medo e pavor, buscou ajuda externa, ignorando a promessa de Deus. Acaz mandou uma carta ao rei da Assíria pedindo socorro. Na mensagem enviada, ele submete seu reino ao domínio de um povo pagão, voltando suas costas a Deus.
Depois de um alívio temporário, os próprios assírios começaram a maltratar e roubar Judá. E como se já não estivesse ruim, Acaz ainda conseguiu piorar. O rei infiel ergueu nas ruas de Jerusalém altares aos deuses adorados pelos sírios numa tentativa de se livrar do problema. Parte desse culto idólatra envolvia o sacrifício humano, inclusive de crianças.
Ao mesmo tempo em que promovia a idolatria nas ruas de Jerusalém, Acaz interrompe as atividades do templo. Você acredita nisso!? Ele fechou o templo! Os castiçais foram apagados, não mais ofertas pelo pecado, não mais o cheiro do incenso diante do altar. O pátio transformou-se num deserto. O templo completamente vazio.
Aparentemente o paganismo tinha vencido. A esperança de uns poucos fieis havia se esvaziado. Foi quando, nessa hora de crise, Isaías manda um recado ao remanescente fiel.
Sou levado a crer que esse recado diz respeito a mim e a você. Por razões diferentes, o povo hoje, também se vê impedido de ir ao templo para adorar com os seus irmãos.
O pátio está um deserto. Já não há sacerdote ministrando entre o alpendre e o altar. Os púlpitos estão desocupados e os instrumentos em silêncio.
Contudo, a voz dos servos de Deus jamais se cala. A mensagem ainda alcança o seu destinatário. Para os que mantém sua fidelidade a Jeová e permanecem firmes diante da crise, é dado o recado:
Deus é conosco. Ao Senhor dos Exércitos, a Ele santificai; e seja Ele o vosso temor, e seja Ele o vosso assombro. Então Ele vos será santuário. Isaías 8:10, 13, 14.
Um abraço do seu pastor e amigo
Manolo Damasio